Osama morreu?

6 maio

Para começar, tenho que admitir que não sei se acredito na morte de Osama Bin Laden. Não que eu duvide, apenas não sei se acredito. E, infelizmente, a máxima de São Tomé não se aplica a mim. Ver para crer não faz muito o meu gênero, pois não acho que imagens falem mais do que palavras. Na verdade, em minha opinião, é quase ingênuo pensar que fotos correspondam unicamente à realidade. Entretanto, isso não vem ao caso, já que, de qualquer forma, imagens da suposta morte de Osama não foram divulgadas.

Confesso que a minha primeira reação ao ficar sabendo do anúncio da morte do líder da organização AL-QAEDA foi o ceticismo. “Lá vem eles com essas historinhas”, pensei. Admito que o espírito Michael Moore se manifestou de forma latente em mim. Primeiro, porque não sou lá muito fã de toda política norte-americana. Segundo, porque acho coerente os fatos e argumentos apresentados pelo cineasta. O atentado ao World Trade Center, a mim, parece muito um espetáculo hollywoodiano. Sinto-me profundamente amarga em dizer isso, mas a verdade é que faz tempo que parei de acreditar no lado altruísta de algumas pessoas, e os governantes estão inclusos nessa categoria. Invadir o Iraque a fim de libertar povos e acabar com ameaças não me convence. A construção de um oleoduto e a conquista de benefícios econômicos me parece muito mais viável. Para alguns, pode parecer insanidade afirmar que havia uma relação entre a família Bush e a família de Osama. Para mim, nada mais soa do que “jogo de interesse” e enquanto os ganhos valerem à pena, “porque não?” é o que eles devem pensar.

Entretanto, agora, ao analisar a situação mais friamente, devo dizer que um novo panorama aparece em minha mente: não seria tão fácil assim manter uma farsa de tamanha magnitude. A Al-Qaeda não estaria nesse momento explodindo milhares de bombas em retaliação à mentira sobre a morte de Osama? Barack Obama colocaria em risco sua credibilidade ao declarar a morte de alguém que, a qualquer momento, poderia desmenti-lo?

Tudo isso fez com que a balança de minha avaliação pendesse um pouco para o lado “Osama morto”. Porém, os pêndulos voltam a se equilibrar quando penso que poderia ser uma armação em conjunto. Um plano arquitetado pelos dois lados da moeda. Nesse momento, então, o lado “Osama morto” volta a pesar um pouquinho: os republicanos, ferozes oposicionistas de Obama, não falariam nada? Fariam também parte de toda a armação? Acho difícil que não haja ninguém prejudicado nessa história para acabar com a farsa. Difícil, não impossível. Afinal, quem sou eu para saber, com certeza, o que se passa dentro da elite política do maior império econômico da atualidade?

Para mim, o benefício da dúvida é plausível. A não ser que sejamos tolos o bastante para ter a pretensão de saber fatos que estão muito além de nosso alcance. E como disse o sábio filósofo Sócrates, “Só sei que nada sei”.

E caso, digo, CASO, o líder da Al-Qaeda realmente esteja morto, faço minhas as palavras do poeta Sérgio Vaz:

“Nem Osama, nem Obama. Não acredito em quem pede paz com arma na mão.”

Fênix

13 abr

Atualmente, best sellers têm um destino parecido: acabam invariavelmente nas telas do cinema. E para pensar um pouquinho nesse processo de transformação, segue o texto abaixo…

Livros que se tornaram filmes… histórias contadas em palavras que, num passe de mágica, (não tão fácil assim!) se tornam imagens, sons e cores. Cenas que antes eram possíveis somente em imaginação e pensamentos passam a compor uma realidade visível, assim, quase palpável.

E aqueles rostos que foram construídos lentamente, montados com detalhes quase invisíveis, baseados em letras e sentimentos, com pequenos fragmentos de livros que se tornam características fundamentais, de repente, se tornam impostos na grande tela do cinema.

“Mas não foi assim que eu imaginei”, lamentam. Ou “Nossa, é exatamente como eu pensava”, comemoram.

A verdade é uma só: sonhos são confirmados ou desmentidos. O que era único, individual e particular passa a fazer parte de um imaginário coletivo. Mas não nos deixemos enganar… os nossos personagens serão sempre nossos. Do nosso jeito, com as características imaginadas por nós. E não há ator que nos faça esquecer do quão rico, gostoso e pessoal foi inventar o nosso companheiro de viagem. Aquele com o qual você passou por cenários nunca antes imaginados. Aquele pelo qual você chorou. Vibrou. Sorriu. Morreu de rir. Aquele com o qual, de uma maneira meio estranha, (para não dizer, às vezes, até meio infantil) você se tornou amigo. Passou a fazer parte de sua história. Viveu uma vida ao seu lado. Acompanhou-o, mesmo sozinho. Contou-lhe um segredo, de forma tão íntima, que tornou-se seu cúmplice. E as delícias da história divida com o seu leitor a cada página, constroi-se e finda-se, enfim, ao ponto final.

E quando se pensa que acabou, ela chega novamente, transformada em imagens… Que ferem, mas que renascem em sonhos dos que são seus companheiros. Que retoma discussões já acalmadas. Que traz à tona outros questionamentos, outras formas de enxergar um fato. E por fim, nada mais fazem do que criar um novo sabor. Com novos ingredientes. E por mais se baseiam em uma mesma receita, o resultado não é o mesmo. Cria e recria-se o já existente. Morrem mas, assim, nascem. De novo.

 

Como uma Fênix.

E quem será que somos?

11 abr

Entre o bombardeio de perguntas que nos atingem todos os dias, uma me deixou especialmente inquieta, hoje. Surpreendi-me ao entrar no Orkut e me deparar com ela. Logo após, no Twitter, a mesma coisa. E quando quis acreditar que talvez só estivesse presente nas redes sociais, dei-me conta que esbarro com ela quase diariamente. É aterrorizante o poder que as três simples palavras têm quando colocadas juntas. Como se um nó fosse dado no cérebro ou se embaralhassem as palavras. Não é fácil entender bem o que significa. Pode parecer simples demais. Esse é o seu perigo. Confunde, esconde, aparece sorrateira camuflando-se de simples questionamento. É uma pergunta realmente ardilosa: “Quem sou eu?”- interroga de maneira quase cínica. E junto às respostas lá estamos nós dizendo que somos médicos, advogados, jornalistas, garis, publicitários, escritores…
Primeiro pensei que talvez realmente se acredite que as profissões possam nos caracterizar de forma a poder dizer aos outros (e a nós mesmos) quem somos. Só depois entendi… Não se trata disso. Não chegamos a raciocinar dessa forma. Não chegamos nem mesmo a acreditar que o ofício que exercemos consiga resumir tudo aquilo que somos.
Trata-se de busca. De descoberta. Saber quem se é, e conseguir expressar isso, pode ser um objetivo não muito fácil de ser alcançado. Exige autoconhecimento. Exige reflexão, exige olhar para dentro de uma maneira tão profunda a ponto de enxergar mais que ossos e tripas, a ponto de enxergar nossa alma.
E nesse emaranhado de sentimentos que somos, como entender o que se é, quem se é?
Como se definir se não sabemos nem ao menos explicar para nós mesmos o que se passa em nossa cabeça e em nosso coração. Como qualificar em palavras coisas somente compreensíveis no silêncio.
Dentro de um só, somos o tudo e o nada. A luz e o breu. Os sonhos e a decepção. Uma caixinha de paradoxos e anseios antagônicos. Inexpressáveis.

Fraseando

6 abr

Tema de hoje: Literatura, poesias e livros

A leitura é para o intelecto o que o exercício é para o corpo
Joseph Addison

O verdadeiro analfabeto é aquele que aprendeu a ler e não lê
Mário Quintana

O poeta é um ser que lambe as palavras e depois se alucina
Manoel de Barros

A pessoa que não lê, mal fala, mal ouve, mal vê
Malba Tahan

A poesia não é senão a vida passada a limpo através do sentimento
Armindo Trevisan

Uma boa leitura dispensa com vantagem a companhia de pessoas frívolas.
Marquês de Maricá
 
Quem não lê não pensa, e quem não pensa será para sempre um servo
Paulo Francis

Muitos homens iniciaram uma nova era na sua vida a partir da leitura de um livro
Henry David Thoreau

A leitura nutre a inteligência
Sêneca

Em literatura, o meio mais seguro de ter razão é estar morto
Victor Hugo

Os livros são os túmulos dos que não podem morrer
George Crabbe


 

Sugestão de leitura: Trilogia Millennium

5 abr

Uma série composta por suspense. Uma trajetória marcada por mistérios.

Vida que imita a arte.  Livros que falam de morte, morte que age na vida real.

A Trilogia Millennium é um série escrita pelo jornalista e ativista sueco Stieg Larsson.  Os três livros são: ” Os homens que não amavam as mulheres”, “A menina que brincava com fogo” e “A rainha do castelo de ar”.

Pouco depois de ter entregue o último livro, em 2004, Larsson morreu subitamente aos 50 anos, vítima de um enfarte. O jornalista não pode desfrutar do grande sucesso que seu livro faria e morreu sem possuir um único bem material.

Os livros causaram um sucesso estrondoso. Além de terem alçando o topo de vendas em países como Alemanha, Noruega, Itália, Brasil, Dinamarca, França, a Espanha e a Inglaterra, pelo menos uma das três obras foi lida por uma entre quatro pessoas da Suécia.

Não é difícil entender o porque do sucesso de Millennium.  Roteiro bem elaborado, que consegue fisgar o leitor a cada página, uma construção literária fantástica, além de um final totalmente surpreendente. E se não bastasse isso, os personagens são o tipo de heroi que você jamais imaginou que pudesse encontrar… e se encantar!

Recomendo!

.Quanto ao futuro.

23 mar

Como primeira resenha literária do blog, escolho o encanto e tristeza de Macabéa. A hora da estrela.

Desencontre-se…

LISPECTOR, Clarice.  “A hora da estrela”. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, 1ª edição.

A hora da estrela, de Clarice Lispector, começa por dizer que “tudo no mundo começou com um sim”. “Sim” este que se incorpora na própria ação de escrever o texto. Rodrigo S.M, narrador onisciente da história, diz “sim” a existência de Macabéa ao resolver relatá-la, ao enxergar vida no seu viver tão ralo: “Se essa história não existe, passará a existir”. Ele acredita ser sua obrigação contar sobre essa moça Macabéa entre milhares dela. Pensa ser dever seu revelar-lhe a vida, “porque há o direito ao grito”.

Então, eis que ele grita.

Sendo narrador e, mais do que isso, quase que personagem principal do relato, Rodrigo S.M inicia o livro fazendo reflexões e indagações sobre a existência e o ato de escrever. “Não, não é fácil escrever. É duro como quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espelhados. Ah que medo de começar e ainda nem sequer sei o nome da moça. Sem falar que a história me desespera por ser simples demais. O que me proponho a contar parece fácil e à mão de todos. Mas a sua elaboração é muito difícil. Pois tenho que tornar nítido o que está quase apagado e que mal vejo. Com mão de dedos duros enlameados apalpar o invisível na própria lama”. O narrador se descreve como um homem que tem mais do que os que passam fome e acredita que isso faz dele um desonesto. Diz não ter classe social, de tão marginalizado que é. Por isso e pelo seu próprio relato, percebe-se que ele considera-se dispensável ao mundo.

Rodrigo S.M, que a todo o momento entremeia o relato com a sua subjetividade, aparece no texto às vezes como uma consciência: convida ao leitor a sair de si para ver como é às vezes o outro. Diz fazer o papel da válvula de escape e da vida massacrante da média burguesia. Pode ser visto também como o deus da vida de sua personagem, “devo dizer que essa moça não tem consciência de mim, se tivesse teria para quem rezar e será a salvação”.

Ele diz que a história tem que ser escrita por um homem, pois uma mulher iria se emocionar e fazer um relato piegas. Afirma saber tudo o que vai escrever, mesmo nunca o tendo vivido, por ter pegado, numa rua do Rio de Janeiro, no ar de relance o sentimento de perdição no rosto de uma moça nordestina: Macabéa.

A personagem de Macabéa é descrita como alguém resignada, que aceita tudo sem fazer perguntas. Adivinha que não havia respostas. “Por falta de quem lhe respondesse ela mesma parecia se ter respondido: é assim porque é assim”. Também aparece como uma pessoa quase invisível, tanto para os outros (“ninguém olhava para ela na rua, ela era café frio”) quanto até para si mesma, permeada por uma falta dela mesma (“só vagamente tomava conhecimento da espécie de ausência que tinha de si em si mesma. Se fosse criatura que se exprimisse diria: o mundo é fora de mim, eu sou fora de mim.”). É construída como um ser que não têm. (o quê?) Apenas não têm.

Com linguagem simples para captar a delicada e vaga existência da moça, Rodrigo S.M inicia o relato da vida de Macabéa, entretanto, não deixa de permear o texto com suas impressões e interrogações. Chega até mesmo a declarar seu amor pela moça: “Só eu a vejo encantadora. Só eu, seu autor, a amo”.

Macabéa, de 19 anos, só estudara até o terceiro ano primário. Ganhara de uma tia beata um curso ralo de como bater à maquina e assim tinha uma dignidade: embora não fosse boa no que fazia, era datilógrafa.

Quem realmente era, Macabéa jamais soube e “se tivesse a tolice de se perguntar, cairia estatelada e em cheio no chão. É que ‘quem sou eu? ‘ provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto”.  Então a moça só se conhecia por ir vivendo à toa. Jamais problematizava o seu existir, a não ser por um dia em que se fizera a trágica pergunta: quem sou eu? Assustou-se tanto que parou de pensar.

Macabéa trabalhava como datilógrafa numa firma de representantes de roldanas, que fica na Rua do Lavradio. Quando viera para o Rio ainda vivia com a tia beata, pessoa que a criara desde a morte dos pais, aos dois anos de idade, no sertão de Alagoas, onde a moça nascera. Mais tarde, foram morar em Maceió e, depois, não se sabe o porquê, mudaram-se para o Rio. Após a morte da tia, Macabéa vai viver na Rua do Acre, próxima do cais do porto, “entre as prostitutas que serviam a marinheiros, depósitos de carvão e de cimento em pó”. Morava numa vaga de quarto compartilhado com mais quatro moças (todas Marias) balconistas das Lojas Americanas.

A vida de Macabéa resumia-se assim “Rua do Acre para morar, Rua do Lavradio para trabalhar, cais do porto para ir espiar no domingo, um ou outro prolongado apito de navio cargueiro que não se sabe por que dava aperto no coração, um ou outro delicioso embora um pouco doloroso cantar de galo”.

A nordestina achava que se tivesse gosto por alguma coisa na vida cairia em grave castigo e correria até risco de morrer. Então, para defender-se da morte, vivia menos, gastava pouco de sua vida para esta não acabar. Era calada por não ter o que dizer, mas gostava de ruídos, eram vida. Acreditava em tudo o que existia, e no que não existia também. Gostava de ficar triste, pois esse momento de sofrimento era seu encontro com ela mesma. Domingo acordava mais cedo para ficar mais tempo sem fazer nada. Tinha saudade da infância. Um de seus momentos de êxtase foi ver o arco-íris no cais. Era doida por soldado: estremecia de prazer pensando se ele iria matá-la. Tinha dois luxos na vida, ir ao cinema uma vez por mês e pintar as unhas da mão de vermelho grosseiramente escarlate. Quando acordava não sabia quem era. Depois pensava com satisfação: Sou datilógrafa, virgem e gosto de coca-cola. Não acreditava em morte (pois não estava viva?). Gastava suas horas ouvindo a Rádio Relógio, que dava “hora certa e cultura”. Adorava anúncios, recortava-os dos jornais velhos do escritório e colava-os no álbum. Acreditava em anjos, e por acreditar eles existiam. Às vezes tinha enjôo para comer, porque quando era pequena soubera que havia comido gato frito. Nunca recebera presentes. Vivia de si mesma como se comesse as próprias entranhas.

Na manhã do dia 7 de maio, Macabéa viveu o êxtase inesperado: no meio da chuva abundante encontrou o primeiro “namorado” de sua vida. Seu nome era Olímpico de Jesus, também nordestino, metalúrgico e muito ambicioso.

Nesse ponto na narrativa há a exemplificação clara da humildade e da falta de palavras de Macabéa. O segundo ponto pode ser identificado quando a moça, por temer que o silêncio acabasse com seu namoro, puxa um assunto dizendo gostar de parafusos e pregos. Depois, mostrando a sua humildade, Macabéa chega a pedir desculpa pela chuva que insiste em cair em todos os seus encontros com Olímpico, como se acreditasse que a culpa da água cair do céu fosse realmente dela.

Olímpico não mostrava satisfação nenhuma em namorar Macabéa, não via nela nenhuma chance de ascensão social. Quando conheceu Glória, colega de trabalho de Macabéa, sentiu que ela tinha classe. Sendo assim, Olímpico troca Macabéa por Glória, com quem ele acha que terá mais chances de ‘subir na vida’, já que ela era mais bonita e muito mais esperta do que Macabéa e, além disso, tinha o pai açougueiro, o que sugeria ao Olímpico a possibilidade de melhora financeira.

Glória, talvez com remorso por ter roubado o namorado de Macabéa, sugeriu que ela fosse a uma cartomante sua conhecia. Emprestou-lhe dinheiro e disse que Madame Carlota, a cartomante, talvez indicar-lhe-ia um jeito de arrumar um novo namorado.

Macabéa vai então à cartomante. Primeiro, esta lhe faz confissões de seu passado de prostituta e cafetina. Depois, ao constatar o quão horrível era a vida de Macabéa (o que assusta a datilógrafa, já que ela nunca pensara que sua vida fosse tão ruim) prediz-lhe um ótimo futuro. A vida de Macabéa, segundo a cartomante, iria mudar no momento que ela saísse daquela consulta. Iria conhecer um estrangeiro rico chamado Hans, loiro de olhos azuis ou verdes ou castanhos ou pretos e iria se casar com ele.  Macabéa então vive o ponto alto de sua existência, estava com esperança. Chegara até a conhecer a paixão: estava apaixonada por Hans.

Saiu da casa da cartomante mudada, “grávida de futuro”. A cartomante havia lhe decretado “sentença de vida”. Seria feliz e a felicidade viria do estrangeiro.

De certa forma, é o que acontece: ao dar o passo de descida da calçada, Macabéa é atropelada por um Mercedes-Benz. Ela pensa então que as predições de Madame Carlota já começavam a ser cumpridas, pois o carro era de luxo.

Ficou inerme no canto da rua e pensou que aquele dia era o primeiro dia de sua vida: havia nascido.

Macabéa se acomodou em posição fetal e teve a úmida felicidade suprema, “pois ela nascera para o abraço da morte”. Pronunciou a frase: “quanto ao futuro” e tivera vontade de vomitar algo luminoso: “estrela de mil pontas”.

É a sua “hora da estrela”, momento de libertação para alguém que, afinal, “vivia numa cidade toda feita contra ela”. Momento único em sua vida onde todos olhavam pra ela, ali estirada no chão. Sua vida, enfim, fora reconhecida. Macabéa passara a existir para o mundo.

Então a história termina.

Começando…

23 mar

Críticas literárias, sugestões de livros, literalizar o cotidiano. Encontrando-se nas palavras para no final, é claro, acabar por se perder.

Desencontrar…

Vamos juntos?